Com um longo reinado de quase 46 anos, D. Dinis está entre os monarcas que mais contribuiu para impulsionar a agricultura, o comércio e o ensino no país.
D. Dinis morreu a 7 de janeiro de 1325, vítima de uma angina de peito, ou uma miocardite. A sua morte marcou o fim de um dos reinados mais longos e bem-sucedidos da História de Portugal.
O sexto monarca português deixou um legado difícil de igualar. Introduziu o português como língua obrigatória nos documentos oficiais, definiu as fronteiras atuais do país, criou a primeira universidade portuguesa, no largo do Carmo, em Lisboa, que viria depois a ser transferida para Coimbra, fundou a Marinha Portuguesa, impulsionou a agricultura e o comércio, entre tantos outros feitos.
Há muitos motivos, por isso, para assinalar, em 2025, os 700 anos da sua morte. Lembrar D. Dinis é reconhecer o seu papel como um dos reis que deixou uma marca duradoura e profunda no país.
Culto e amante das artes
A sua visão estratégica resulta de uma educação erudita, tendo sido o primeiro rei português a saber ler e escrever. Foi, aliás, um grande amante das artes e das letras, destacando-se como trovador de cantigas de amigos, de amor e de sátira, que são hoje relíquias da poesia trovadoresca da Península Ibérica.
O gosto pela literatura e pela música é apenas uma das inúmeras facetas de uma figura notável que dedicou os primeiros anos do seu reinado à segurança do território português. Para defender as fronteiras, entrou em guerra com Castela em 1295, conflito que viria a terminar com o Tratado de Alcanises, lavrado a 12 de setembro de 1297.
O acordo previa um período de paz e defesa mútuas de 40 anos, tendo sido igualmente fundamental para estabilizar as fronteiras em zonas de conflito como a Beira e o Alentejo.
Ficará também conhecido como o monarca que fomentou a realização de feiras. Criou as chamadas feiras francas, concedendo a várias povoações diversos privilégios e isenções. Protegeu ainda as exportações para os portos da Flandres, Inglaterra e França, tendo, em 1308, celebrado aquele que é o primeiro tratado comercial com Inglaterra.
O rei lavrador
A sua maior empreitada, no entanto, foi a agricultura, daí o seu cognome “O Lavrador”. Procurando envolver toda a população na exploração agrícola, dividiu as terras entre o Douro e o Minho em dezenas em casais, cada uma viria mais tarde a dar origem a uma povoação.
Na região de Trás-os-Montes, o rei adotou um regime em que as propriedades eram entregues a um coletivo que repartia entre si os encargos, serviços e edifícios administrados pela comunidade, tais como o forno do pão, o moinho e a guarda do rebanho.
Entre as várias iniciativas para preservar e proteger os recursos naturais, o Pinhal de Leiria, que durante o seu reinado conheceu um grande aumento da mancha florestal, é apenas a obra mais visível.
A par da preocupação com o desenvolvimento da agricultura, o monarca também foi responsável pela preservação de algumas árvores autóctones, como o sobreiro e a azinheira, mantendo a flora pré-existente e contribuindo para a sua disseminação.